quarta-feira, 24 de junho de 2020

na pandemia

a pão de mii

com

f

e

i

j
ã

o

chacoalho

coalho

chá

coalho

chá

oh

ah

ha

diferente


fadol

  • Toda tarde eu vejo aqui

Quase o mesmo movimento

Um passarinho atravessa

A janela nesse momento

E as nuvens como um tropel

A se rasgar pelo céu

Desfazendo o firmamento!

  • A rabeca rouca zinindo

Sem quase afinamento

O arco a esfregar nela

Sem tanto comedimento

Aqui e acolá um som

Um arranjo bem do bom

Agradável experimento!

  • Eu aprendi a tocar

Com os assobios do vento

Tem hora que a tromba de ar

É grossa como cimento

Outra hora afina ali

Disso entendeu Bernoulli

No seu tratado aguacento!

  • Eu já tirei a ferrugem

Vou guardar o instrumento

Eu acho que todos os sons

Têm algum procedimento

Toco pra todos os seres

E sem economizar dizeres

Por vezes eles tocam a gente!

Adaécio Lopes

terça-feira, 23 de junho de 2020

Quando pega da rabeca
Rolinha senta em cumeeira
Desviando dos confetes
Planando toda ligeira
Parecendo com morcego
Voando assim meio cego
Por dentro da corredeira

Adaécio Lopes

domingo, 21 de junho de 2020

Lugares, seres, acontecimentos, pessoas e vozes

Quando criança, mesmo ja um tanto formado, gostava de sair de casa de manhã para pegar Sol na rua, para desamofinar, como se diz lá no Oeste. A rua na qual eu morava era bem diferente do que é hoje. Alguns chãos sem casas, muitos na verdade, uns com sapatas outros cobertos de mato. Tinha inclusive um chão de casa no qual Danca tratava de uma vaca. Neste eu ia muitas vezes catar Canapu, Melancia-da-Praia, Melão de São Caetano e os frutinhos de um pé de Camará que lá existia.

Eu gostava de me equilibrar nas sapatas deterioradas de um chão que ficava em frente à minha casa, onde os Beija-Flores faziam seus ninhos nos Samba-Cuités e as Rosas-Seras (ou seria Rosa-Cera) se balançavam com o vento a parecer pessoas. Como para o outro lado da rua ainda não haviam casas, dava pra ver aquele grande vão da baixa despenhada que ia de encontro ao terreno de João de Maneco com aquela farta plantação de Bananeiras, e também Juremas, Cabeças-de-Frades, Xique-Xiques, Mandacarus, Gogóias, Pereiros, Marmeleiros, Muçambês, Velames - lá pra cima também tem Macambiras, Angicos, Pau d'Arcos, Cajueiros, Juazeiros, Carnaubeiras, Cajaraneiras, Favelas - Golinhas, Caboclos-Lindos, Papas-Capins, Tejus, Cobras e Preás. Acima do horizonte as serras da região, dentre elas a Serra Redonda, e daí à imensidão do Céu.

Dali de onde eu estava à casa de Tanita eram algumas dezenas de metros, na Travessa John Fitzgerald Kennedy, hoje Reginaldo Paiva. Tenho em mente que foi por intermédio de Tintin, seu filho - bem mais novo do que Novo, e que tem por nome César - que tive notícia do cantor Chico César, ainda desconhecido, natural da cidade de Catolé do Rocha. Depois eu soube que bem antes de ele lançar discos suas músicas transitaram por Olho d'Água, por meio de uma fita K7 que uma irmã sua teria dado ou vendido a alguém da cidade que estudava com ela na UERN em Patu, ou que a conhecia de lá. Embora sem ainda ter escutado suas músicas, fiquei com aquele nome em mente. Pelo que o amigo tinha me dito, com uma destacada ênfase, se tratava de algo relevante. Anos depois Chico Cesár começou e se tornar conhecido e pude acompanhar esse grandioso artista, suas músicas e sua aura de poeisa. Ao ouvi Beradêro tudo aquilo era algo como uma ressonância de acontecimentos e situações que me deixaram - e ainda me deixam em alguma medida - perplexo.

Naquela época as notícias e informações nos chegavam assim - lembro do dia quando voltando da atividade física da escola um outro amigo me contou de uma banda que tinha escutado, uma tal de Legião Urbana. Aquele nome, expressão, me soava muito exótica e interessante, e lembrava, dentre outras coisas, a imagem do momento final da tarde quando a difusora da Torre dispersava por toda a cidade aquela sonoridade já conhecida. Era o tempo dos concursos de A Mais Bela Voz. Várias pessoas da cidade, de culturas e gostos musicais variados se preparavam em seus grupos de amigos diversos para escutar músicas e ensaiar suas cantigas e apresentações. Muitos as vezes apostavam em músicas mais recentes e desconhecidas como uma maneira de surpreender as bancas examinadoras.

Era um tempo bem diferente de hoje. O divertimento dos meninos e também de algumas meninas da minha idade, quando saíam pra os lugares movimentados da cidade, era ficar arrodeando pipoqueira, ou a girar em sombrinhas, carroceis e rodas gigantes dos parques que apareciam nas festas tradicionais. Ou ainda, no meu caso, por vezes, rodar nas cadeiras altas do bar de Leandro, mais conhecido na cidade como Chico de Dadá - que não era o maravilha, mas guardava muitas semelhanças com aquele futebolista. Algumas das referências musicais que me chegaram e que ainda revisito hoje em dia escutei no bar de Leandro, na sua discotecagem infinita e por meio daqueles pôsteres diversos nas paredes do bar. Um museu musical a céu quase aberto.

Ainda não existia o Pimentão, nem o Kamana Clube, a Quadra do Charles foi construída mais ou menos por esse tempo. Era o tempo do Esquinão e suas paredes ensaboadas, já que tinha funcionado ali anteriormente naquele prédio uma fábrica de sabão. Uma vez dei um pulo na rua em dia de Esquinão. Fiquei ali na frente da festa vendo o movimento, até que consegui entrar. Nunca tinha visto por dentro aquele clube. Pude contemplar as janelas gradeadas e amarradas com arame de roseta por uma outra perspectiva. O ambiente tinha o aspecto de algo como se fosse um castelo ou os aposentos de algum Ravengar. Tocava as vezes música lenta pra galera se chegar, mas também rock pesado e outros gêneros. Os casais se amando em meio ao escuro quase completo do salão. Resolvi voltar à luz da rua. Quando saí o vento soprou forte em minhas narinas e assim pude respirar melhor. Por aquele momento o controlista do som havia colocado pra tocar Dust in the wind, do Kansas.

As apresentações musicais, como as que integravam o concurso já mencionado aconteciam no mercado público, que algumas pessoas continuavam chamando de Barracão, em referência à estrutura anterior. Foi ali naquele lugar que vi e ouvi - e quem estava lá dificilmente esqueceu - Gibi de Dadá ganhar um daqueles concursos, cantando de maneira arrebatadora No dia em que a terra parou, de Raul Seixas, levando muitos dos presentes a quase um transe coletivo, as pessoas naquele momento não se continham, erguiam os braços, gritavam e se expressavam de formas diversas, em uma grande euforia geral.
Dançar
De meias
No salão
E
M
I
N
V
E
R
S
O
Do tempo
Molhado
De ar
Embalança
Embalança
Embalançar
Embalança
Embalança
Embalançar
Embalançar

Adaécio Lopes

- Fico feliz com a saída

Mas não há o que celebrar

Tiraram um incompetente

Qual será que vai ficar?

Não devemos esquecer

Que isso pode até ser

Mais uma carta a jogar.

- Não dava mais pra ficar

No caminho esse entrave

Da saída já se sabia

Vai pegar a aeronave

Usando essa demissão

Querem mudar a visão

De algo muito mais grave!

- Esse Queiroz é uma ave

Por sobre ovos putrefatos

Não adianta vir com "gatos"

Que a PF pega os ratos

O coiso estão apertando

Varias instâncias apurando

A intensão dos seus atos .

- Seguindo com os relatos

E me encaminhando ao final

Desses passageiros versos

Não me levem assim a mal

Mas, não vou por causa disso

Firmar nenhum compromisso

Pra propagandear jornal!

- Isso porque por sinal

Ontem vi um grande trecho

Em que um chefe de emissora

Descrevia até apetrecho

De uma grande armação

Em um debate pra eleição

Às vésperas do seu desfecho!

- Até pasta vazia com fecho

Que teria documentos

Que então comprovariam

Muitas ações e intentos

Que o candidato preterido

Teria então cometido

Forjaram os fraudulentos!

- Eu sei, em alguns momentos

Esse canal sim favorece

As lutas que a gente forte

Empreende e aquece

Mas a verdade é pura

E quem apoia ditadura

De forma alguma se esquece!

Adaécio Lopes

terça-feira, 16 de junho de 2020

COM RELAÇÃO À ABSURDA E DESRESPEITOSA DECLARAÇÃO BASEADA EM ACHISMOS -PROFERIDA POR UM FALANTE À FRENTE DE UM PROGRAMA DE RÁDIO - SOBRE O MUNICÍPIO DE OLHO D'ÁGUA DO BORGES E SUAS AÇÕES CONTRA O COVID 19

Ontem foi com desprazer, tristeza e indignação que, já a altas horas da noite, tive acesso à notícia da infeliz declaração feita pelo comunicador Barbosa Freitas em um programa de rádio da cidade de Pau dos Ferros - que com certeza não reflete a opinião da maioria ou de boa parte da população daquele município no qual tenho bons amigos e amigas e alguns parentes - referente à cidade de Olho d'Água do Borges sobre as medidas que estão sendo lançadas pelo município com relação ao alastramento do novo Corona Vírus, o Covid 19. A forma desrespeitosa com que o comunicador se refere à cidade deixou a população em estado de revolta. Muitos habitantes foram inclusive diretamente aos perfis do comunicador nas redes sociais pedir que este fizesse de imediato uma retratação com relação à desastrosa fala proferida.
Que autoridade - no tocante a conhecimentos específicos da área de saúde, por exemplo - tem você, comunicador, para opinar com relevância e propriedade sobre essa questão da doença? A Organização Mundial de Saúde o Consórcio Nordeste, por exemplo, instâncias essas sim que devem ser ouvidas com relação à temática, tem mostrado as vantagens de se praticar um isolamento efetivo, cuidadoso e até extremo, como parte das medidas importantes para o combate à doença.
A pessoa já mencionada destrata sem nenhum motivo o município por este ser de pequeno porte e ter decretado lockdown, como se para decretar tal medida a variável relevante a ser considerada fosse o tamanho da localidade. Isso demonstra um total desconhecimento das coisas por parte daquele falante. Lugarejos bem menores do que o nosso em diversas partes do mundo decretaram essa ação como forma de conter os avanços da pandemia, como uma medida preventiva - porque como diz o conhecimento e sábio adágio popular, é muito melhor prevenir do que remediar.
Diz em justificativa à sua mal fadada defesa que o que tem que ser feito é o monitoramento dos casos. Não sabe ele por certo que decretar lockdown é uma medida que se adota depois de todas as demais, sendo que o monitoramento de casos é o mínimo a ser feito, e obviamente já vem sendo feito na cidade e em muitos outros lugares desde que se tomou conhecimento da doença. No caso de Olho d'Água (embora eu nao more atualmente na cidade, mas tenho acompanhado de perto a situação por meus genitores, parentes e amigos residirem no município) não foi simplesmente por uma decisão pessoal da prefeita que foi decretado o lockdown, como é dito pelo comunicador daquela fala, tendo sido feita inclusive uma consulta pública para saber a opinião dos munícipes sobre a medida. Nada disso aquele falante tem conhecimento, porque, contrariamente à missão que deveria executar fala mais do que informa, e acaba, assim, por desinformar e confundir.
No início do áudio ele menciona que "o que vale é dado, o que vale é número, em cima de números não há contestação." Pois bem, os números sobre o Covid são alarmantes e caso não se mudem as práticas, será ainda mais catastrófica a situação, como apontam previsões baseadas em estudos. Veja, o município de Olho d'Água do Borges, com menos de cinco mil habitantes, apresenta, no boletim epidemiológico lançado ontem (15/06) - o que é feito diariamente - um histórico de treze casos confirmados de Covid 19, sendo 5 curados e 8 em tratamento. Em seu relato a última pessoa infectada (que se tem conhecimento) - cuja identidade é preservada - diz que tomava todas as medidas sanitárias adotadas e incentivadas na comunidade, não mantinha contato com pessoas infestadas com aquele vírus, e que saía apenas para o supermercado. Mesmo assim foi infectado! Dá pra entender a gravidade da questão? E ainda sobre dados, mesmo o município sendo avaliado - inclusive tendo sido veiculado e destacado no programa RNTV as ações ali desenvolvidas - como umas das localidades que melhor está buscando enfrentar o contágio da doença no estado, o número de casos não é tão pequeno e continua aumentando em decorrência do tempo.
A cidade de Olho d'Água do Borges é pequena - e não tão desenvolvida, economicamente falando, sim, pois o desenvolvimento de um lugar não pode e nem deve ser visto apenas com relação ao fator econômico - mas é um município central para a microrregião onde se encontra, estando localizado entre Patu, Umarizal e Caraúbas, e que a liga, portanto, por meio dos que por ali passam, respectivamente, ao estado da Paraíba e ao Seridó norte riograndense, ao alto oeste do estado RN, e à região de Mossoró - um dos principais focos de contágio do estado e a cidade mais central para a nossa região. Se preocupar com o vírus não avançar em Olho d'Água é se preocupar também com a vizinhança da cidade e o contágio para os moradores dessas demais localidades. Vale lembrar que isso tudo começou e se alastrou pelo mundo todo porque uma pessoa - uma úncia pessoa - foi contagiada. Ou seja, o pequeno, o pouco, quase sempre tem grande importância em todos os processos.
Caracterizar como "palhaçada que está sendo adotada por prefeitos chibatas, despreparados que não tem assessoria jurídica, que não têm um trabalho de verdade da secretaria de saúde dos seus municípios", como é dito pelo falante do programa, demonstra desconhecimento e prepotência por parte do radialista. Como ele pode fazer julgamentos tão contundentes e desrespeitosos baseados apenas em achismos?
A prática de culpabilizar prefeitos - e por vezes governadores - é conhecida entre os defensores dessa lástima que é o governo federal do nosso país. Um governo em que o chefe do executivo vive de incitar a violência, destratar pessoas e desconsiderar a gravidade da pandemia, por exemplo, chamando-a de uma gripezinha e dizendo que a população vai morrer mesmo "e daí?". Governo onde o ministro da educação é totalmente sem educação e decoro, sem o preparo mínimo que o cargo exige - na verdade isso parece ser regra nesse desgoverno -, chegando a caracterizar os juízes que integram a suprema corte do país de vagabundos, inclusive. Governo no qual o ministro da economia esbravejou em um vídeo de uma reunião ministerial (imagine o que acontece nessas reuniões) "deixa cada um se fuder". Práticas como essas têm inflado os ânimos de pessoas em todo o país que acham que podem destratar, desrespeitar e ditar o que deve ser feito com base apenas em absurdos e achismos - utilizando para isso palavrões (nada contra palavrões em si, mas sim à ênfase e à maneira com que são proferidos) e gritarias, algo sem nenhuma valia em um contexto de diálogo -, como se isso tivesse alguma relevância para o bem comum.
O falante já mencionado utiliza o exemplo de um caso em Itaú - caracterizando inclusive a prefeita daquele outro município de pessoa insana por ter decretado lockdown (segundo a visão dele) apenas devido àquele caso isolado de uma pessoa que teria ido a uma banca de jogo -, para generalizar o seu achismo, sendo que, cada caso é um caso. Despreparo quem demonstra é o comunicador que não sabe comunicar, apresentando por vezes total incapacidade no uso da palavra.
Argumenta ainda que o lockdown seria uma prática que deveria ser proibida por contrariar a Constituição Federal do Brasil, no que se refere ao direito de ir e vir. Ora, o direito de ir e vir é violado a todo momento nessa terra de brasil, afinal, para ir e vir não é necessário apenas ter pernas! Agora quando se quer que as pessoas fiquem em casa por medida de prevenção do contágio de uma doença grave, que já levou a óbito dezenas de milhares de pessoas no país, esse capítulo da Carta Magna, tao desrespeitada e violada, é lembrado como se nunca tivesse sido esquecido! E, em especial, a lei carece sempre de interpretação ao se analisar um caso específico - como me ensinaram vários de meus professores de Direito e alguns dos comentadores que tenho lido. Não é porque temos o direito de ir e vir que podemos ir a qualquer lugar ou fazer qualquer coisa como é sabido por todos. A defesa da morte e do lucro em nome desse ponto da Constituição - não sendo a primeira vez que vi sendo feita a sua tentativa, diga-se de passagem - é mais uma falácia de quem não tem o que dizer e nem como justificar a defesa do indefensável.
E, por fim, o que mais destaco ao ouvir o áudio e que causa ainda mais indignação, por assim dizer, não é apenas (o que já é um absurdo inominável e sem tamanho) o falante à frente do programa dizer que a cidade de Olho d'Água do Borges - terra de Joaquim e de Francisca, De Sebastião e Conceição, de Lídia, de Germano, de Delfino, de Vicente, de Celino, de Dorgival, De Valdécio, de Zé Curto, de Antônio Rodrigues, de tia Isaura, de Raimundinha e de Domingos, de celeiros, costureiras, poetas, agricultores, vaqueiros, ferreiros, artesãos, comerciantes, dos Gulora, dos Pavão, dos Praquevêi, dos Cancão, dos Várzeacumpridas (e da linhagem de quem está lendo que eu que aqui escrevo não sei qual é, embora muito provavelmente a conheça de alguma maneira), de sítios, localidades e povos em vastidão - é uma "porcaria, uma merda, uma cidadezinha rabo, com quatro rua", é algo como uma raiva, animosidade e reacionarismo com que são proferidos tais despropérios, bem ao molde do que se vê atualmente sendo incentivado, praticado e observado na truculência gratuita que se alastrou pelo país. Para essas pessoas dejeso e mentalizo luz para que revejam suas práticas, ações e falas proferidas.

sábado, 13 de junho de 2020

  • Por vezes vem à lembrança

De Olho d'Água, o esquinão

De paredes ensaboadas

Com a frente pro barração

Como se fosse um brinde

E entre "Dust in the wind"

Música lenta e Baião!

  • De Santo Antônio, oh festão!

Lá em Rafael Godeiro

Será que houve esse ano?

O festejo casamenteiro?

Seresta e cheiro de carne

Vai logo rapaz "desarne"!

Para desvirar o obreiro!

  • Dos filhos, um bem festeiro!

De Joaquim Lopes, Raimundo

Ajeitava o seu chapéu

Em menos de um segundo

Embora andando a pé

Ele estando de rolé

Corria as partes do mundo!

Adaécio Lopes

Garrafas de vidro vazias, papelão, plástico de embalagens, isopor e garrafa plástica. Apenas as linhas não foram de material que em geral é descartado.


quarta-feira, 10 de junho de 2020

Essas são do último vídeo postado no YouTube - Em breve outro vídeo.

                                    https://www.youtube.com/watch?v=S-2FpXitPJc&t=279s

Desligar o mecanismo automático da revolta contra tudo e contra todos por vezes potencializa o que de fato alguém almeja. Perceber que a prática de confundir - algo que costumeiramente tendemos a fazer - alhos com bugalhos muito provavelmente vem de um ódio residual referente a algum contato que nos causou ou causa dor, sofrimento, sujeição, abusos, prejuízos diversos etc. [inclusive, diga-se de passagem, que há um espectro (em analogia com a luz) muito grande dessas coisas, múltiplo, complexo, que comporta uma gama de variáveis e perspectivas] e que, muitas vezes aquele ódio ou algo que o vaila, em não sendo desligado ou suavizada a sua presença, pode nos cegar mais do que esclarecer (no sentido de poder caminhar para algo construtivo, por assim dizer), é parte importante de uma frutífera tomada de consciência e encaminhamento para a ação efetiva e acordada consigo mesmo e com os demais. Afinal, os automatismos mentais são importantíssimos para as necessidades básicas mas, pouco nos servem no sentido da passagem da animalidade para um humanismo que contemple as diferenças e procedimentos verdadeiramente liberadores.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

no princípio
de um tempo
habitação nas alturas
guajava
de alma de flores
leite de rosas
utensílios
de lua
em boca da noite
de estrelas
dia réptil voador

adaécio lopes
Pressupor que o vírus - um microrganismo, limitado, frágil e bem menos complexo em termos cognitivos do que um humano - só acomete a quem tem medo dele é considerá-lo com uma capacidade cognitiva absurdamente maior do que si próprio, sinceramente. Até parece que - embora, se deva considerar que o alto astral é preponderante para as imunidades e indispensável às travessias do mundo - o vírus é como um animal, que pode farejar o medo das pessoas, inclusive daqueles que buscam com todas as forças que lhes resta não demonstrar suas fraquezas. É perceptível que aquela virtude, tão destacada por filósofos, pensadores e místicos de muitos tempos, não é tão fácil de encontrar e quase sempre está bastante ausente naqueles que mais desesperada e espalhafatosamente demonstram experimentá-la, ao, por exemplo, defender tão descarada e desgraçadamente a morte como bandeira.

ter que ficar recluso - ninguém gostaria (e ainda mais nessas circunstâncias) de estar mas já que estamos - assim em casa leva a pessoa a repensar muita coisa. o limpar, o cuidar o arrumar, o consertar, o reaproveitar. nos tira inclusive um pouco da fixação no dinheiro. sim, ele existe e já que existe e é necessário que seja mais melhor repartido, distribuído e gerido, inclusive. acontece que por vezes uma coisa custa centavos, as vezes não custa nada. mas o rolê para sair, buscar etc nos faz repensar práticas e procedimentos diários. tomar consciência das coisas não é algo ruim. por difícil e custoso que seja.

domingo, 7 de junho de 2020

  • Domingo é dia de ver
Se pé de girmur nasceu
O álcool e aquela máscara
O vivente não esqueceu
Lembro de Joaquim Vicente
Um já ido meu parente
Que por um instante viveu.

  • Um punhado de sementes
Foram jogadas na terra
Com o pé cobriu apois
Ficou parecendo uma serra
Então saiu matutando
Se a semente germinando
Venceria aquela guerra.

  • Hoje foi a grata surpresa
Não venceu mas tá vencendo
Já está estirando a rama
Brotinho delas crescendo
Mentalizou que os mosquitos
Num zoom zoom faniquito
Tivessem pois lhe benzendo.

  • Caiu uma chuva fininha
Um leve e breve sereno
O ar ficou mais macio
Que elefantinho gemendo
Correndo em busca da mãe
Antes que um bicho o apanhe
Enquanto ainda pé pequeno.

  • Bateu a poeira dos pés
Ajeitou chapéu seguiu
Flores rosas várias cores
Pendão virando pavio
Se encandeando no sol
Seguindo para o arrebol
Indo então a mais de mil!

Adaécio Lopes

na broa
pois algo
de dourar

fadol

sexta-feira, 5 de junho de 2020

maravilha de disco
joão todo aberto
em buenos aires
com velas caetanas
sextou
jhonson
magic
a bola a girar na ponta
dos dedos do tempo
ema dama no seu canto triste
a escutar o samba de jackson
de cartola de chico de dorote
de celino de neguinho patrício
e de miguel irmão de antônio
puxador daquela quadrinha
na manoel a dança continua
na mente do povo da gente

adaécio lopes
a luz reflete serena
pois nas tabas
de nossas mães

adaécio lopes

quinta-feira, 4 de junho de 2020


  • Acompanhando o brotar

Das folhas dentro do tempo

A germinar de um ínfimo

As palmas em alastramento

Um relógio feito de plantas

Em suas variedades tantas

Em broto e elastecimento

  • Plantinha a rachar parede

Trepada em teto de posto

Na vida tem muita coisa

História que até da gosto

Um vaso achado esquecido

Para o todo nunca perdido

Que chega muda o rosto

  • Ornamento muito belo

Resistiu a seca e inverno

Sem sequer trocar de terno

Tem o espaço como anelo

De areia é esse castelo

Seu plástico foi ressecado

Por pedrinhas sustentado

Botou flores sem flagelo

Está cinzento e amarelo

Que o sol o tem sapecado

  • Numa janela assentado

O vento a lhe da o jeito

De grãos de areia é feito

O monumento destacado

Deixando então admirado

Quem por ventura o veja

Percebe que nada almeja

Do imprevisto é aliado

É por fronteira moldado

Naquela sutil peleja!


Adaécio Lopes

que pandemia

palavras fervilham como

vírus larvando álcool


fadol

uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
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ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
ontem por uma morte um minuto
uma morte por minuto ontem
uma
morte
por
um
minuto
ontem
um
monte
morte
um
monte
morte
um
monte
morte
um
monte
morte
um
monte
morte
um
monte
morte
um
morte
monte

adaécio lopes