quinta-feira, 16 de março de 2023

SOBRE VERNIZES, "VERDADES" E "VENDAS"

Vernizes "modernos" são colocados sobre conhecimentos "antigos" de forma que não se consegue, por vezes, mais reencontrar o fio da meada daquilo a que realmente aqueles conhecimentos estão se referindo. Ou seja, se acredita tanto nas tantas camadas explicativas sobre a "origem" daquilo a que se está fazendo referência que aquele horizonte "primordial" se perde quase por completo. Um exemplo desse tipo de coisa é o que se pode perceber com relação ao "Tarô", diga-se de passagem. As explicações mais interessantes, mirabolantes e concatenadas são dadas sobre essa "peça", mesmo que nem sequer resvalem naquilo de que trata e porque foi feito.
Práticas como essas são comuns porque o "Ocidente" resolveu criar um mundo seu, um "mundo novo", com explicações que faziam sentido, mas que não necessariamente estavam "preocupadas" com a relação daquilo que criavam com noções mais "fidedignas", por assim dizer, as quais aquilo que buscavam reescrever se refere ou tem por base. Isso porque o "Ocidente" não foi feito para buscar a verdade sobre as coisas - verdade aqui considerada como sendo relativo a algo como uma prática que visa lançar luz sobre os desdobramentos e as relações mais básicas e "primevas" de algo - mas para formar, construir e "vender" coisas, narrativas e sistemas. Se cria um contexto que faz sentido e é rico "substancialmente" em detalhes, pronto, eis a nova maravilha! Não é a toa que o conhecimento como é organizado atualmente tem o carimbo desse "método ocidental". Uma grande criação de commodities epistemológicas de todos os tipos e gostos.
Mas, veja, se a gente aumenta a perspectiva de vida do humano ou se unimos ele com uma máquina e criamos um ciborg, conseguimos saber o que é o humano, a vida, a morte, o tempo, ou algo que circunscreve tudo isso, por assim dizer, ou pelo menos se lança a "pergunta" sobre "aquilo"? Não! Mas não há preocupação com isso, pois o que interessa de fato é o grande mercado de coisas e explicações que se criou, o progresso disso, a narrativa e o entretenimento. Se fazemos a pergunta sobre alguns desses tópicos mencionados acima se dá uma explicação, rechea-se aquilo com números, tabelas, experimentos e realidade virtual e está tudo resolvido! Pelo menos por enquanto... Próximo tópico!
Isso acontece porque a vida contemplativa perdeu espaço por esses últimos tempos e passou-se a acreditar que o humano é demasiadamente existente e real e o trabalho programado se tornou a mola mestra dessa gigante alavanca arquimediana as avessas.
Adaécio Lopes
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