A Álvaro Lopes da Silva (meu pai)
Essa é a imagem! É isso que o poder chama de desenvolvimento sustentável! Desde já deixo claro que não vou me posicionar sobre o fato de se existe ou não Aquecimento Global, não tenho espaço nem quero, agora, partilhar dessa questão. O que eu sei é que gosto de verde e gostaria que os filhos e netos de meus amigos também tivessem a oportunidade, como eu tive, de viver no verde, entre o mato, sentindo as folhas, as flores e o cheiro da relva e não de esgoto!
Essa é a imagem! É isso que o poder chama de desenvolvimento sustentável! Desde já deixo claro que não vou me posicionar sobre o fato de se existe ou não Aquecimento Global, não tenho espaço nem quero, agora, partilhar dessa questão. O que eu sei é que gosto de verde e gostaria que os filhos e netos de meus amigos também tivessem a oportunidade, como eu tive, de viver no verde, entre o mato, sentindo as folhas, as flores e o cheiro da relva e não de esgoto!
A verdade é que a política vigente não está nem
um pouco interessada nessa questão maior. A propósito, vejo agora que o Senador Demóstenes Torres foi
cassado. Que bom! Mas fico pensando em quantos Demóstenes existem naquele
Senado, na Câmara de Deputados, nas Assembléias Legislativas, Prefeituras e
Câmaras de Vereadores espalhadas por esse Brasil! A lógica é a seguinte:
sacrifica-se um para manter o esquema! Exemplo perfeito da sociedade do simulacro em que vivemos.
Talvez o pior de tudo seja que, nesse sistema
que tem como deus o Capital, a restrição e a escassez é justamente o mecanismo
propulsor da engrenagem. Eis a oportunidade de comercializar, gerar lucro,
exclusão e aprofundar a desigualdade entre os humanos. Isso porque o
capitalismo, vale lembrar, é baseado na linearidade, é um sistema fechado, só
existe pela miséria, usofruto de poucos e negação de direitos a muitos.
É impressionante que quando pensadores do século XIX, como
Pierre-Joseph Proudhon (1809 - 1865) disseram isso, Karl Marx os chamou de
utópicos, usando de meios escusos, como a difamação e outras práticas
condenáveis para destruí-los moral e intelectualmente (isso não é uma suposição,
o amigo Vantie Clínio defendeu tese de doutorado recentemente tratando da
relação de Marx com Stirner, Feuerbach, Bakunin, Proudhon e etc., por exemplo).
O socialismo não deu certo por ser justamente o capitalismo de ponta a cabeça. É
montado sobre o mesmo esqueleto. E Marx ainda pousa como o maior oposicionista
do Capitalismo, quando na verdade criou as condições para que continuasse, ao
marcar as fronteiras da crítica.
As análises econômicas de Marx são relevantes –
diga-se de passagem, muita coisa foi copiada de economistas que o antecederam,
como David Ricardo, por exemplo – mas a sua alternativa política ao capitalismo
foi um tiro no pé. Parafraseando Nietzsche (quando tratava de outro pensador): saiu e entrou de volta para ratoeira!
Talvez muitos digam, mas o que há fora do capitalismo de tão
bom assim, pois o Comunismo, ou Socialismo, nós vimos no que deu. Aquilo que
conhecemos e aprendemos na escola, como sendo o Feudalismo, também era algo
fechado, sombrio, sem mobilidade social, baseado na servidão. E ai?
Essa é uma questão interessante. Tenho lido muita coisa por
estes tempos, que direta ou indiretamente tem relação com essa questão,
inclusive alguns escritos mais poéticos de Foucault (em As palavras e as coisas) e a defesa que Nietsche faz da
Aristocracia (em Para além do bem e do mal).
E, embora não tenha uma tese formada, nem queira me aprofundar nisso agora, entendo
que aqueles tempos que a modernidade alcunhou de “antigos” possui muito mais
significados do que pensa nossa vã economia (sim, porque a filosofia anda devagar
por estes nossos tempos...).
Pelo simples fato de que os sonhos, os devaneios, o
simbólico, não podem ser comercializados, transformados em concreto (os antigos gregos sabiam disso, afinal os
átomos formavam tudo, para Epicuro, Leucipo e Demócrito, inclusive as almas –
com modernidade a coisa mudou: não é que os átomos formam tudo, mas a matéria é
formada de átomos. Percebem a absurda diferença de enfoque?), entendo que a
monetarização e materialização do mundo que se seguiu ao domínio monopolizante,
institucional e político, dos segredos da
existência, feito pela Igreja, nos fez ver o estágio pré-mercantilista e
pré-industrial, como o nada! Fazer a volta é necessário, e está acontecendo,
principalmente, na mente daqueles que se decidem por tentar despertar na
Matrix.
Lembro das lendas celtas como aquelas retratadas em Senhor dos Anéis. Naquela cultura o
respeito para com as plantas é notório, afinal entendem que elas são a base de
tudo! Uma prova disso é que entre os Arcanos
Maiores do Tarô Celta figura o Carvalho
(a Árvore Sagrada) – sendo o Tarô,
como dizia o filósofo Giordano Bruno (1548 - 1600), uma forma de construir
conhecimento, e não apenas uma crendice ou superstição. Não me canso de lembrar-me
do que disse um dia o filósofo Wittgenstein: sobre o que não sabemos devemos nos calar!
Continuo concordando com Milton Santos quando ele diz que as revoluções
– se é que ainda se pode falar nestes termos - virão de baixo, das
microcomunidades ou tribos (para colocar o sociólogo Michel Maffesoli na
conversa). No tocante às questões ambientais, virá com aqueles que de uma forma
ou de outra gostam do verde, seja por ter vivido já a experiência de se
embrenhar pelo mato escutando a cigarra, a passarada e a canção do mundo, ou se
emocionado com os relatos feitos por Henry David Thoreau (1817 – 1862) sobre a
vida nos bosques, ou por qualquer outra motivação.
Nesse sentido, estou falando de algo diferente do que se
convencionou chamar de Nova Esquerda, ligada às questões ecológicas e
ambientais, que segundo Caputo, teria sido alimentada pela filosofia do
Heidegger “tardio” - que tentou uma retomada do poético e pensou a questão da
técnica. Acho tudo isso muito positivo. Mas o meu chamado é existencial, para
além do político! Meu manifesto é um grito para que voltemos à cabana, assim como
fazia Brouwer nos seus momentos mais sombrios. Que agarremos nossa viola e peguemos a
trilha seguindo o chamado...
“Corre lobo pra dentro da mata, tua paz é teu
suor...” (Lira).
Nenhum comentário:
Postar um comentário