quinta-feira, 16 de março de 2023

Nunca mais tinha encantado Um rouxinol estalar

Sobre BaianaSystem, manguebeat e outras figurAções

Vendo a transmissão do show de Olodumbaiana no Festival de Verão de Salvador é possível perceber que aquela atmosfera do manguebeat se mantém viva em alguma medida nas ações da banda BaianaSystem, ou pelo menos que algum reverberar está ali presente. Embora as bases que formam a sonoridade da banda e daquela movimentação pernambucana sejam diferentes (mesmo que não completamente) muitos são os pontos em comum, como, por exemplo, a coisa de movimento, de proposta para atingir, agregar e engajar pessoas - no cenário atual, óbvio, algo bem menor do que naquele outro contexto. Esse projeto Olodumbaiana inclusive faz lembrar que o início do que depois ganhou nome de Axé Music era algo muito semelhante em linhas gerais com o batida do mangue sobre os overdrives. Ambos se caracterizavam como ajuntamentos de gente em volta da música e de projetos correlatos, mobilizando a juventude periférica pela dança e a expressão artística. O audiovisual, as performances fantasiados brincantes no palco também e algo que liga BS e MB. Russo Passapusso com seu sobretudo, sua toca e uma infinidade de broches, lembra essas figuras enigmáticas perambulantes pelas cidades do mundo, falando coisas meio desconexas, algo meio em transe, um viajante da palavra, um brincante ao modo dos pastoris ou algo do tipo ou tudo isso junto. Me lembrou logo a figura de Zé da Macuca, agitador e brincante pernambucano que nos deixou recentemente. Conheci Zé em um inesquecível cortejo anárquico do Boi da Macuca no Festival de Inverno de Garanhuns, que segui juntamente com a monga, a bruxa, papangus e muitos outros personagens. A ultima vez que o vi foi em uma festa que aconteceu no estacionamento da UFRN, em que tocaram Dusouto, Potiguara Bardo e acho que Skarimbó. Quando vi tava a figura da Macuca ali ao meu lado, ao pé de uma castanhola iluminada de luzes neon. Nos falamos, e ele me encorajou logo a ir lá na fazendo, onde era realizado um festival, que naquele ano receberia Arnaldo Antunes e Chico César, dentre outras atrações. Zé, Russo e Chico são exemplares dessas figuras aglutinantes que impulsionam movimentações e muita diversão levada a sério, como dizia Science, que há exaustos 26 anos nos deixava.

Todas as r


 

Dedicatória do trabalho de doutorado


 

SOBRE VERNIZES, "VERDADES" E "VENDAS"

Vernizes "modernos" são colocados sobre conhecimentos "antigos" de forma que não se consegue, por vezes, mais reencontrar o fio da meada daquilo a que realmente aqueles conhecimentos estão se referindo. Ou seja, se acredita tanto nas tantas camadas explicativas sobre a "origem" daquilo a que se está fazendo referência que aquele horizonte "primordial" se perde quase por completo. Um exemplo desse tipo de coisa é o que se pode perceber com relação ao "Tarô", diga-se de passagem. As explicações mais interessantes, mirabolantes e concatenadas são dadas sobre essa "peça", mesmo que nem sequer resvalem naquilo de que trata e porque foi feito.
Práticas como essas são comuns porque o "Ocidente" resolveu criar um mundo seu, um "mundo novo", com explicações que faziam sentido, mas que não necessariamente estavam "preocupadas" com a relação daquilo que criavam com noções mais "fidedignas", por assim dizer, as quais aquilo que buscavam reescrever se refere ou tem por base. Isso porque o "Ocidente" não foi feito para buscar a verdade sobre as coisas - verdade aqui considerada como sendo relativo a algo como uma prática que visa lançar luz sobre os desdobramentos e as relações mais básicas e "primevas" de algo - mas para formar, construir e "vender" coisas, narrativas e sistemas. Se cria um contexto que faz sentido e é rico "substancialmente" em detalhes, pronto, eis a nova maravilha! Não é a toa que o conhecimento como é organizado atualmente tem o carimbo desse "método ocidental". Uma grande criação de commodities epistemológicas de todos os tipos e gostos.
Mas, veja, se a gente aumenta a perspectiva de vida do humano ou se unimos ele com uma máquina e criamos um ciborg, conseguimos saber o que é o humano, a vida, a morte, o tempo, ou algo que circunscreve tudo isso, por assim dizer, ou pelo menos se lança a "pergunta" sobre "aquilo"? Não! Mas não há preocupação com isso, pois o que interessa de fato é o grande mercado de coisas e explicações que se criou, o progresso disso, a narrativa e o entretenimento. Se fazemos a pergunta sobre alguns desses tópicos mencionados acima se dá uma explicação, rechea-se aquilo com números, tabelas, experimentos e realidade virtual e está tudo resolvido! Pelo menos por enquanto... Próximo tópico!
Isso acontece porque a vida contemplativa perdeu espaço por esses últimos tempos e passou-se a acreditar que o humano é demasiadamente existente e real e o trabalho programado se tornou a mola mestra dessa gigante alavanca arquimediana as avessas.
Adaécio Lopes
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A propósito do dia 8 de Março

 Minha Vó e minha Mãe sempre foram as figuras femininas que mais tive como exemplos (e minhas tias também claro, e muitas professoras destemidas com quem convivi, Natividade, Josefa Alexandre, Rita de Bil, Adelita de Celso, Dona Eliete e tantas outras). Minha mãe, embora sempre com aquele jeito calmo (as vezes nem tanto hehe) nunca se submeteu muito a ninguém. Costurou a vida quase toda, mas se a pessoa abusasse muito ela com negócio de costura já viu rsrs. Sempre comprava revistas de moda para arejar seus modelos. Por muito tempo vendeu perfumes e foi promotora de vendas de revistas de pedidos diversas. Era uma farra quando os pedidos chegavam, eu e a meninada filhos das vendedoras esperávamos para estourar os plásticos bolhas e balões que embalavam aquilo tudo. As vezes ou quase sempre a gente arengava um pouco também que era pra espalhar o sangue haha. Mãe tinha conta em banco (algo que meu Pai não queria nem ver falar - como ele mesmo dizia, tinha vindo morar na rua por aquela contingência que havia sido o casamento). Uma vez eu queria assitir televisão e não tinha muito como (também o que eu azucrinava as pessoas não era brincadeira) e mamãe disse "vou comprar uma televisão pra você assistir, agora se tirar meu juízo com isso eu desligo e nunca mais você vê nada". Nos danamos para Catolé do Rocha eu e mamãe em busca de comprar uma TV. Fomos com Antônio de Felinto que toda semana ia àquela cidade por motivo da feira. Lá estavamos nós naquela sua caminhonete que à época andava bem tranquilamente, por assim dizer. Teve uma hora que não me contive e pedi pra ele ir mais rápido, eu achava que Catolé era muito longe e daquele jeito a meu ver não chegaríamos a tempo de comprar a televisão. Mamãe olhou pra mim e disse "fique quieto menino, senão não te trago mais!". O que ela sempre me dizia, mas, por incrível que parecesse sempre me intimidava. A televisão, com pouco tempo que chegou, eu me balançando na rede de maneira adrenalística enganchei os berebelo da rede na estante e foi aquele desastre rsrs. Vou nem dizer o que se sucedeu depois disso, é uma outra estória. E para esbarrar esse relato, lembro de quando fomos à feira de Umarizal comprar uma bolsa e umas muda de roupa (essa camisa branca da foto foi uma dessas) para eu vir para Natal. Era inicio do ano de 1999. A coisa lá em casa tava meio ruim de grana, mas mamãe sempre dava um jeito de juntar uma merreca pra se arremediar. Andando pelas ruas da feira eu disse a ela, meio pesaroso, afinal eu era seu único descendente "Mãe eu vou porque não aguento mais ficar aqui e quero estudar, acho que meu caminho é esse". Ela disse "vá, você está certo, estude, se forme, que é para não depender dos outros para tudo no mundo". Te amo, Mãe! O Alzheimer acabou com suas lembranças, mas algo me diz que em algum "lugar" do seu sorriso a senhora sabe disso

🤩💓💜😃

Todas as reaçõeFrancisco Hélio Costa

Dia da poesia 2023 em Natal


 

Connvite missa de Papai


 

HORTA ESCOLAR COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR - Nossa Escola está de parabéns!

EU, MEU PAI E A ESTRADA

 Meu pai grande, eu pequeno

Na estrada do Cacimbão
Alguém nos acompanhava
E fazia uma saudação
E entabulava conversa
De alguma situação.
Esse era meu cinema
Passadiço dos Joéis
Eu, papai e Lourival
Representando os papéis
Tinha Anísio e Chico Barros
E outros grandes menestréis
Papai sempre caminhando
Fazendo o sinal sagrado
Uma ferramenta na mão
E um cachorro de lado
Ouvindo o som da cigarra
Este ser vivo encantado
O vivente andando a pé
É que contempla o sertão
Esse era o conselho
Do ilustre Gonzagão
No devagar das passadas
E no ritmo do Cancão.
À noitinha os vaga-lumes
Em sua dança altaneira
Junto da farra dos pássaros
E do baile da Rosa–cera
Mostravam ao sertanejo
A vida da Terra inteira.
E na subida do alto
Avistava-se a cidade
Papai olhava pra traz
A contemplar a verdade
E aquela ação já era
O reflexo da saudade.
Adaécio Lopes

Adaécio Lopes compartilhou uma lembrança.

 
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