Movimentos como a Semana de Arte Moderna de 22, Tropicália/Tropicalismo, Manguebit/Manguebeat etc., nunca serão apenas uma coisa. São acontecimentos, carregados de características e significados diversos. Comportam sempre extremismos, paradoxos e clareiras, avanços.
Isso acontece, dentre outros motivos, porque as pessoas envolvidas estão inseridas no contexto no qual estão visando transformar, então, de maneira não tão consciente acabam se deixando tragar por concepções que não condizem com a parte mais substancial daquele processo. Isso em um grau menor acontece constantemente com os indivíduos, que dirá em "explosões" desse tipo.
A ânsia por cancelar tudo está tornando as coisas muito precipitadas por esses tempos. Agora, a crítica é sim necessária, sempre. Conseguir perceber o outro lado de acontecimentos e comportamentos é o que há de mais salutar na vida, e geralmente não é algo muito simples e tão calma de ser mobilizado.
Assim, aqueles que mostram os lados sombrios da SAM 22, a meu ver, são muito bem vindos, independentemente das razões pelas quais se manifestem (o que não quer dizer que essas motivações não devam ser consideradas, percebidas e analisadas). Acontece que aqui no Brasil - falo assim não por ter experiências em outros países, mas porque aqui vivo - nós sacralizamos demais tudo, somos extremistas, temos que assumir isso.
E um povo que é extremista tende a procurar extremos. Como diria aquele aclamado cantor pop - que foi hostilizado aqui em Natal em um de seus shows por, sem nenhum motivo aparente começar a defender substancialmente quem ocupava a cadeira de governo á época (olha os extremismos) - "ainda leva uma cara pra gente poder dar risada".