quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

O ESPELHO DA PÓS-MODERNIDADE (?)


Boa parte, eu diria bem mais que a maioria, das pessoas que criticam o que se passou a chamar de pós-modernidade não tem nenhuma ideia do que trata aquele termo e/ou aquilo a que se refere. É algo como o termo comunismo no Brasil. "Um lugar" onde se descarrega aquilo que se acha exótico, sem sentido, com o qual não se concorda, que nos incomoda ou algo do tipo. Uma das coisas mais comuns que vejo, em comentários diversos, tanto nos meios virtuais como nas conversas ao vivo, é reputarem - àquilo que consideram como sendo pós-modernidade - comportamentos, práticas e acontecimentos que não são necessariamente característicos desse contexto.
O que quero dizer é que muitas dessas atitudes, comportamentos e conhecimentos que são jogados na zona considerada sombria do que chamam de pós-modernidade, tanto por vezes não refletem essa cena, como, na verdade, já estiveram presente em muitas outras épocas. A pós-modernidade nem trouxe tanta coisa nova assim, como essas pessoas quase sempre consideram. O que ela mais fez foi buscar nos colocar em frente ao espelho. Muitas das vezes quando se diz que isso ou aquilo é pós-moderno se está na verdade querendo fugir do espelho, ou seja, do enfrentamento, da compreensão ou das percepções que aquela situação, conhecimento ou expressão nos desafia a fazer ou desenvolver.
Em síntese, a pós-modernidade busca discutir a modernidade, questionando, por exemplo, o quase-dogma da representação. Como também, chamar a atenção para aquilo que a modernidade deixou de fora (por motivos os mais diversos) no recorte que fez ao representar aquilo que considerou como sendo a realidade. Para muita gente isso é um papo meio intelectual demais ou algo do tipo, mas, indeed (como é dito na língua inglesa) isso é sim algo básico quando se busca conhecer algo: ter em mente o questionamento sobre a natureza do conhecimento. Por tudo isso, o que a pós-modernidade mais busca, mesmo nas suas formas mais libertárias, por assim dizer, é nos colocar na ação, nos convidando a estar presentes, percebendo as muitas nuances que há em tudo.
Questiona, dentre outras coisas, o avanço que é dito que aconteceu sem que isso necessariamente tenha acontecido, a resolução de problemas que se diz ter acontecido sem o ter sido feito, mostrando que construir explicação para as coisas é bem diferente do que dizer que aquelas explicações foram descobertas, por exemplo. Se não conseguimos conviver com tais situações nevrálgicas ou incômodas isso não é algo que se possa ou que se deva colocar na conta da pós-modernidade apenas para se desvencilhar ou tentar se livrar delas. Não acha?

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