A VERDADE E A POLÍTICA
Muitas vezes não somos compreendidos quando das nossas colocações. Principalmente ao propor questões essenciais ou existenciais. Um exemplo disso é quando estamos às voltas com os problemas relacionados ao advento da representação política e as pessoas pensam que você está falando dos políticos, sendo, portanto, um crítico chato que em todos vê defeito, e que bom mesmo só você que critica. Com certeza é devido a isto que os iniciados nas ciências ocultas não falam por aí as suas questões, já que no máximo seriam distorcidas e mal entendidas. Vejam, não sou um ocultista, foi apenas um recurso didático.
Lembro nesse instante de um grande ocultista da história da humanidade: Jesus. Quando ele dizia que seu reino não era deste mundo e que aqueles que o subjugavam não sabiam o que estavam fazendo, ele estava justamente chamando a atenção para o fato de que as coisas que realmente importam não estão no plano da representação, nesse jogo de personas, de personagens que nós inventamos para nós mesmos, na guerra que isso enseja. E nesse sentido, a política é o combate por excelência. Ela nunca nos fará caminhar sobre as águas (contemplemos esta bela metáfora), como fez o Cristo e outros iluminados, justamente porque ela é egóica, sendo a ciência por excelência para o cultivo do ego, a egoística. A política trata de seus interesses, está a favor do poder, anseia por poder. E foi justamente acerca do poder que Jesus se expressou e ritualizou, sendo morto por isso. Veja, ele não queria conquistar o poder, ele não estava criticando algo por não o ter, simplesmente porque percebeu que a verdade não estava neste processo, e principalmente, entendeu que somente a verdade nos libertará. E a verdade, ela não está no externo, ela está dentro de nós mesmos, e só vasculhar, descascar esta carcaça que achamos ser tudo que nos forma. Veja, mas o que isto tem a ver com política? Tudo. Vamos adiante.
Isso parece papo cabeça, coisa de bêbado ou algo parecido, mas é compreensível, porque só quem de alguma forma foi tocado pode perceber a profundidade que esta questão da verdade suscita. Veja, Cristo é para ser entendido, assimilado, não cultuado. Foi justamente este mecanismo do culto que fez com que colocássemo-lo como nosso salvador, nos livrando do fazer existencial de cada dia. Mas você repetiria: e o que isso tem a ver com política? Respondo novamente: tudo. Mas tudo mesmo. A nossa posição deve ser colocada a cada instante. É justamente o fato de colocarmos nas mãos de alguém o direito e o dever de comandar que gera o poder. Ninguém é bom ou mau. Todo mundo está-sendo, e devemos assumir isso a cada instante, do contrário seríamos covardes com nós mesmos. E não se enganem nobres colegas, ninguém conseguirá fugir de si mesmo nem das agruras da vida. Mas é justamente isto que tentamos fazer quando nos projetamos em alguém.
Nesse sentido, diria que o pensador francês Michel Foucault deu a última pedrada na vidraça da política quando disse que o discurso – a mola mestra da política – não nos reconciliará com nós mesmos, não resolverá nossos problemas. Isso porque é justamente o discurso que nos afasta do verdadeiro deus e de nós mesmos. Segundo a concepção contrária a esta, que está em toda a sabedoria antiga, deus nos fala justamente no silencio, ou seja, quando menos procuramos nos encontramos. Disto nos falou muito bem Mestre Eckhart, São Francisco de Assis e todos os verdadeiros santos do mundo.
Ocorre com Foucault atualmente o que já aconteceu com muitos desses sábios – veja, guardemos as devidas proporções, afinal este francês era um acadêmico e aqueles eram figuras iluminadas, que se deixe claro isto desde já. Quando Foucault diz que todo saber engendra poder, e que a psicologia jamais terá a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia, ele está justamente virando o jogo contra o discurso, ele está assumindo o caráter incerto e mágico do mundo, ele está nos dizendo em outras palavras e em outro contexto, o que aquele nazareno nos falou: levanta-te e anda homem.
Portanto meus amigos, para a pergunta “será que não há um político que não pense apenas no interesse próprio?”, a resposta é “Parece que não”, justamente porque a política comporta esta nefasta prática da briga pelo poder. Fiz este questionamento como forma de problematizar. Lembro de um habitante da cidade de Olho D’água do Borges que um dia me disse “Eu ainda não sou um político, e não sei se um dia o serei”. Talvez seja chegada a hora de se descobrir meu caro amigo. Meditemos nas duas citações a seguir, de Friedrich Nietzsche, no livro Gaia Ciência:
"Vivo em minha própria casa,
Jamais imitei algo de alguém
E sempre ri de todo mestre
Que nunca riu de si também.
(Citação do início do livro)"
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"Para mim é odioso seguir e também guiar.
Obedecer? Não! E tampouco – governar!
Quem não é terrível para si, a ninguém inspira terror:
E somente quem inspira terror é capaz de comandar.
Para mim já é odioso comandar a mim mesmo!
Gosto, como os animais da floresta e do mar,
De por algum tempo me perder,
De permanecer num amável recanto e cismar,
E enfim me chamar pela distância,
Seduzindo-me para – voltar a mim"
A PROBLEMÁTICA SOBRE POLÍTICA TRANSCEDE O CONCEITO POPULAR DE QUE POLÍTICA É ARTE OU CIÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE NAÇÕES E/OU ESTADOS. ELA É MAIS ALÉM DO QUE ESTAMOS ACOSTUMADOS, A MISSIGENAÇÃO DAS TECNOLOGIAS, ARTES E DOS DISCURSOS DE ESTUDIOSOS SOBRE ESTA QUESTÃO PÕEM MAIS LENHA NA FOGUEIRA, UMA VEZ QUE COLOCA-SE NA MAIOIA DAS VEZES QUE O HOMEM É UM SER POLÍTICO. ENTÃO VAMOS LÁ, POLÍTICA MORFOLOGICAMENTE FALANDO VENDO DO GREGO, DESDE QUANDO COMEÇARAM A CRIAR AS CIDADES ATÉ ENTÃO CHAMADAS DE "PÓLIS" POSTERIORMENTE AO LATIM "POLÍTICUS". PARA A MAIORIA DA CLASSE POLÍTICA MUNDIAL EXISTEM MUITOS OUTROS SIGNIFICADOS, ONDE UM DELES APRESENTA-SE COMO SENDO OS "HOMENS POLITIZADOS", E É SOBRE ESTE "MONTE" DE PALAVRAS BONITAS DE SIGNIFICADO DUVIDOSO E DISCUTÍVEL QUE SE GERA MUITAS INSATISFAÇÕES A CERCA DE INTERESSES QUE EM MUITOS CASOS SÃO PRÓPRIOS, AFINAL DE CONTAS SER POLITIZADO E TER CONSCIENCIA DE SEUS DIREITOS E DEVERES. E INFELIZMENTE ACREDITO QUE SER POLÍTICO É SER "POLÍTICO" E NÃO "POLITIZADO". ENTÃO MEUS AMIGOS A PERGUNTA É: "SERÁ QUE NÃO HA UM POLÍTICO QUE NÃO PENSE APENAS NO INTERESSE PRÓPRIO?" A RESPOSTA É:"...TALVEZ NÃO..." (CONCORDANDO COM ADAÉRCIO).
ResponderExcluirOUTRO DIA NO TELEFONE DISCUTIA SOBRE POLÍTICA COM UM AMIGO E ELE ME DEIXOU UMA COLOCAÇÃO MUITO INTERESSANTE:
"NÃO SE DISCUTE O QUE É FEITO PARA QUE O POVO ADORE A PESSOA DO POLÍTICO. O QUE SE DISCUTE É COMO O POLÍTICO MANOBRA AS COISAS PARA O POVO ADORAR A PESSOA DESTE."
ASSIM SENDO ENCERRO MINHA DISCUSSÃO COM ESTAS REFLEXÕES:
HA DUAS MANEIRAS DE SE FAZER POLÍTICA. OU SE VIVE PARA A POLÍTICA OU SE VIVE DA POLÍTICA. NESSA OPOSIÇÃO NÃO HA NADA DE EXCLUSIVO. MUITO PELO CONTRÁRIO EM GERALSE FAZEM UMA E OUTRA COISA AO MESMO TEMPO, TANTO IDEALMENTE QUANTO NA PRÁTICA". (NEM LEMBRO QUEM DISSE ISSO).
MÁS AQUI VOU FINALIZAR DE VEZ DANDO MEU PRÓPRIO CONCEITO DE POLÍTICA: " POLÍTICA É A ARTE DE TIRAR O MAIOR PROVEITO POSSÍVEL DE CADA SITUAÇÃO, SENDO ESTA O MAIOR SER OPORTUNISTA QUE TEMOS".
GRANDE ABRAÇO!
HUGO FREITAS.