Saiu de casa.
No trajeto, um encontro.
- Todos na verdade poderão ser artistas, argilas artesãs de si mesmas. Na verdade esse é o sentido verdadeiro da arte: sermos. Não é algo para ser possuído, guardado em um baú para ser mostrado em certos momentos.
- Eu adoro a maior banda dos últimos tempos. Até mesmos os ainda maiores artistas de todos os tempos falam que ela é a melhor hoje. E concordo com você a música não é um baú, nela as pessoas devem ser. Por isso a maior banda dos últimos tempos está sendo a maior banda.
- Você acha que poderia ser um artista?
- Acho que não. Os artistas são aqueles que fazem sucesso. Não me vejo fazendo sucesso para ninguém. Não vejo alguém sendo meu fã, por exemplo. Isso não é para mim não. Acho que artista bom mesmo é quem consegue fazer sucesso, sabe. Quem traz diversão, animação. Não penso muito nisso, apenas sei quando uma coisa está fazendo sucesso. Todo o mundo sabe não é mesmo, não precisa pensar nisso.
Seguiu pela vereda que passa ao lado da grande árvore.
Um novo encontro.
- Por que eles anseiam tanto por ídolos?
- Eles são necessários, na verdade inevitáveis.
- Mas a formação da idolatria é justamente o que forma aquela capa-rosa na cacimba da fonte. É na verdade a raiz do mau que habita todo o ser, que faz surgir a busca pelo número. Tal prática não deveria existir.
- Mas porque estás tão preocupado? Não seria você também um procurador do número?
- Não. Apenas não quero que exista a busca!
- Mas como? De onde surgiria seu ponto de apoio? A sua agonia e o número são partes da mesma coisa. Um não existe sem o outro.
- E se se cavalgasse à velocidade da luz?
Rompeu o rio de dentro, seguiu pela vereda que passa ao lado da cajazeira da velha cacimba abandonada ...
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