Em frente ao espelho
Olha para o mundo
Vendo que perdeu
A imagem de si
Qual pião no vácuo
Procura o rosto
Pro lado e pro outro
E dentro também
Como uma lanterna
Corre atrás da luz
De uma palavra
Que – talvez – reluz
Vê os movimentos
Medita na dor
Fica retraído
Contempla o pavor
Não quer adentrar
Ao rol dos conceitos
Onde cada casa
Tem número certo
Pensa como pode
Pensar sobre si
Quem entortou o verbo
Para ir e vir?
Se isto quem fala
Não é esse aqui,
Pra onde vai
Quando se extinguir?
Um diz: são palavras
Se unindo a sós.
Mas qual palavra
Começou os nós?
Pensa agora ali
Um pensar profundo
Sobre a costura
De si com o mundo
Como eu consigo
Me enganar sozinho,
Achando que crio
Esse meu caminho?
- Isso não sou eu
- Esqueça-se disto
Joga no baú
O “penso, logo existo”
Adaécio Lopes
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