quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Encontro com Augusto dos Anjos em uma praça em João Pessoa

Tu Augusto, nessa praça
A contemplar o imundo
Escutando essas notícias
Do que ocorre no mundo


Tu, Augusto de pedra
De fronte a pedras com gente
Medita na água turva
Que há no mundo doente


Enclausurado em penumbra
Percebe os ecos de dor
Vendo a nudez da noite
Desperdiçar seu sabor


Está condenado a ver
Todo dia o movimento
Circulante e automático
Dos operários do tempo


Para o Anjo visionário
Todo esse sofrimento
Demonstra ser este mundo
Uma canção de lamento


Sofrer irremediável
Apodrecer aos segundos
Instantes de agonia
Que logo separam mundos
Num paralelo sombrio
De longos vales profundos


Adaécio Lopes

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