domingo, 24 de maio de 2020

  • A inteligência da mata
Rachando da planta o vão
Ao desabrochar o grão
Toda energia desata
Em algumas semanas cata
Em cima daquela chã
Vejo uma potra cardan
Mancando de uma pata
Aquele sofrer maltrata
Qual abraço de cansansã.

  • É tanto bicho a cantar
Vi uma cobra de carreira
De um besouro a caveira
Grande carga a derrear
Oh árvore pra safrejar
Um sibitinho de gorro
A chuva vem mas não corro
Outra nuvem a se formar
Que chega a aglomerar
De mosquito de cu de cachorro

  • Uma hora eu empinei
Para pegar uma fruta
Escorreguei numa gruta
Pensei então me estrepei
Mas logo me aprumei
O horizonte igualzinho
Tornou-se um meu vizinho
Então me equilibrei
Segui e também parei
Fazendo aquele caminho.

  • Nunca mais eu tinha visto
Um grande aruá de rio
Ou caracol de baixio
Pois que agora assisto
Um bichinho desses misto
Uma parte branca outra preta
Anda sem fazer careta
Por fezes flores e alpisto
Com a centopeia reexisto
Com seu andar de cometa.

  • Juá aberto inundado
Ao lado do charco d'água
Um sapo sim não por mágoa
Engole insetos calado
Eu faço poema rimado
Outros também correção
Cigarra àquela canção
Jerimum dentro de um coco
Nesse Brasil de Cabôco
De Mãe Preta e Pai João!


Adaécio Lopes

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