terça-feira, 13 de setembro de 2011

A sociedade fantasiada de loucura

O amigo Hugo Freitas, futuro enfermeiro, após cursar a disciplina de Saúde Mental, produziu este texto que divulgo com vocês. Ele também está se aventurando na escrita, está aos poucos entrando na toca do coelho.


Durante muito tempo as pessoas que apresentavam algum transtorno mental eram consideradas como seres endiabrados, ou ainda malucos e ponto final. A terapia do choque elétrico era a maior tecnologia disponível por muito tempo, e acreditava-se que aquelas sessões serviam como estabilizadores das mentes, os chamados “choques dos milagres” mal sabiam eles que o que ocorriam eram uma decapitação maior do que se tinha anteriormente, os doentes mentais eram molestados e castrados mentalmente, era a época da “morte viva”, era um tempo em que as ciências médicas procuravam didáticas mais coerentes para o tratamento de tais pessoas, no entanto o que se via eram hospitais psiquiátricos cada dia mais cheios e com uma mística de que, o choque combinado com a hospitalização íntegra e forçada causava uma tranqüilidade maior ao paciente. Este arcabouço de agressões causou além de melancolias e destruição neural, uma série de internamentos errados (o filme bicho de sete cabeças mostra exatamente isso), drogados ou pessoas que usavam drogas eram confundidos com loucos e misturados e obrigados a compartilharem da terapia elétrica.

Contudo o que se viu foram pessoas que nem saiam de uma esfera de dependência química, e ainda por cima acrescentavam os números de uma estatística assombrosa de loucos e de pessoas rejeitadas pela classe social dita como normal.

O que discutimos hoje em dia quanto humanos é entre outras coisas a inteligência do homem e, seus grandes nomes. Sigmun Freud foi apontado por muitos estudiosos e historiadores de sua arte, como sendo apenas mais um a desfrutar do prazer que os entorpecentes causavam no seu paladar cerebral. Então baseado neste contexto percebemos que se ele não fosse o Freud certamente este seria um maluco que necessitava de hospitalização logo, pois o que se via era não uma pessoa que queria um baseado ou uma carreirinha de pó, más um cara que dependia e necessitava de atendimento psíquico disponível.

O estudo da Saúde Mental envolve o homem como um todo, considerando as esferas biológicas, psíquica, social e espiritual. Abrangendo assim, desde o contexto social em que está inserido, até a fase de desenvolvimento em que se encontra. E é nesse processo que a saúde mental tem a necessidade de ser entendida de modo a considerar os constantes acontecimentos e mudanças no modo de pensar e atender a pessoa portadora de transtorno mental. Avanços na neurociência e na medicina do comportamento mostraram que como muitas doenças físicas, os transtornos mentais e de comportamento resultam de uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Entretanto, essas três dimensões biopsicossociais mantiveram-se separadas por muito tempo, criando visões fragmentadas e gerando práticas e saberes desarticulados.

DEPOIS DESTE CONTEXTO HISTÓRICO QUESTIONAMOS;

O que se percebe hoje em dia é que os “doidos” de fato conseguiram um espaço considerável nas rodas sociais, porém ainda há um longo caminho a percorrer.

As novas campanhas em saúde mental apontam para uma tônica de que a reinserção social, com o auxílio de profissionais capacitados e o apoio da família podem proporcionar a estes uma vida bem próxima do normal. Neste momento surge mais um questionamento: e somos normais? Não somos loucos? O que de fato é ser normal? Será que o fato de não se deitar no chão (como Neizão faz), ou não dizer coisas sem nexo (como Geraldo doido faz), é nos auto classificar normais?

Quando chamamos uma pessoa de maluco nos transformamos em médicos psiquiatras, uma vez que fazemos verdadeiros diagnósticos, dizemos que ele tem psicoses, neuroses e comportamentos diferentes. De fato isso é um pensamento perigoso, pensar como os outros não nos faz bem, isso nos leva a um mundo lapidado por outras cabeças, e talvez isso seja o ponto forte dos doentes mentais, “ELES FAZEM O QUE LHES DÃO NA TELHA”.

Quem foi que disse que dançar discrepantemente, ou ainda gritar por uma grande emoção é comportamento de loucura? Acredito que uma das maiores fraquezas mentais desta sociedade é pensar que existe um caminho único para a vida de todos. Às vezes o que pensamos sobre um fato pode ser apenas um pensar, más a certeza é que as atitudes são acima de tudo a foice que abre o caminho para suas verdadeiras vidas. Quem não chamaria Zé Ramalho de louco quando este abandonou uma faculdade de medicina para ser cantor de botequim? E hoje em dia será que as mesmas pessoas o chamariam?

Portanto, acredito que as novas tendências impostas por esta sociedade e a maioria das pessoas, são sem sombra de dúvida um fator grave de riso para a verdadeira loucura da vida que é parar suas vontades e não acreditar naquilo que você quer e pode alcançar. Ser assim pode sucumbir suas expectativas de vida e transformá-lo para sempre, então desamarre-se, erga a cabeça, vista-se com aquela calça djeans rasgada que a sociedade descrimina más que você gosta tanto e, seja feliz enquanto você tem saúde.

Finalizo com a célebre mensagem: “O QUE MAIS ME SURPREENDE NA HUMANIDADE SÃO OS HOMENS QUE ACHAM QUE TEM SAÚDE. MAL SABEM ELES QUE TER SAÚDE, NÃO É APENAS APRESENTAR SINAIS E SINTOMAS. TER SAÚDE NÃO É SÓ AUSÊNCIA DE DOENÇAS. MÁS ACIMA DE TUDO PERCEBER UM COMPLETO BEM-ESTAR FÍSICO E MENTAL, ASSIM SENDO, É NECESSÁRIO QUE SAIBAMOS USAR A MELHOR COISA QUE TEMOS: NOSSAS VIDAS”.

Valeu irmãos!
Ritualizemos sempre.


HUGO FREITAS. 10/ 09/ 2011

Um comentário:

  1. Indicaria como leitura o livro A História da Loucura de Michel Foucault.

    Um abraço.

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