Se fosse vivo, hoje, 13 de Março, Francisco de Assis
França estaria completando 46 anos de idade. Para quem não conhece, está meio
esquecido ou talvez como eu precise dar uma nova escutada (pois essa é uma
daquelas obras que não se esgotam em uma geração da vida de um vivente), Chico
Science foi um certo cometa que passou por aqui, que se foi no ano de 1997, deixando
impressões significativas no pensamento e na
musicalidade.
Alguém
que volta e meia olha esse blog pode dizer: “como assim, todo mundo conhece
Chico Science”. Pois eu digo que não. Hoje resolvi colocar o CD Da lama ao Caos para tocar - trabalhava
algumas coisas relacionadas à Física com os alunos, além de comentar com eles
acerca do fato de que o conhecimento nunca foi de fato, e nunca será, algo
separado como de certa forma lhes é apresentado – e não sem espanto, verifiquei
mais uma vez que o legado de Chico ainda é muito pouco conhecido.
Poderíamos
dizer que a marca do pensamento de Chico foi a busca por liberdade. Liberdade
nas relações sejam elas políticas afetivas ou de qualquer outra natureza. E de
forma mais essencial, liberdade para dentro da cabeça, como diz a letra de uma
banda de reggae brasileira.
A
metáfora da antena na cabeça ou fincada no mangue a receber vibrações de todo o
cosmos, do mangue como fonte de vida, o “mantra” “um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”: marcas do
pensamento de Chico. Tratou da questão da cidade, relembrou a Revolução Praieira,
o Cangaço, falou poeticamente da arquitetura da cidade estuário que é Recife,
falou de amor de forma peculiar, chamou atenção para o problema do transito, da
migração para a cidade, e principalmente, entendeu muito bem as questões essenciais
que podem aparecer a um vivente da Matrix.
Acredito
que viria uma fase menos agressiva, mas com bastante substancia se Chico não
tivesse nos deixado tão prematuramente, mas os cometas são assim, rápidos e
marcantes. Um pouco antes de partir, o líder da Nação Zumbi conheceu ou se aproximou mais do Iê Iê Iê, introduzindo
a música Todos estão surdos de
Roberto Carlos e Mr. Motto de The
Pops nos shows. Infelizmente não tivemos a oportunidade de vivenciar essa fase
mais mística de Chico, embora deixemos claro que essa agressividade que brota
da lama, que é característica do manguebeat, tem muito de místico:
“A imensidão aérea, é ter o espaço
do firmamento no pensamento. E acreditar em voar algum dia”.
“O
medo dá origem ao mal”.
“É
só uma cabeça equilibrada em cima do corpo, procurando antenar boas vibrações”.
“Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar”.
“Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar”.
“Eu
só quero andar... sem ser incomodado... andando pelo mundo sem ter sociedade”.
“O
problema é que são problemas demais se não correr atrás da maneira certa de
solucionar”.
“Lembro
quase tudo que sei e organizando as ideias lembro que me esqueci de tudo, mais
eu escuto samba”.
"Esse corpo de lama que tu vê é apenas a imagem que sou. Esse corpo de lama que tu vê é apenas a imagem é tu".
"Esse corpo de lama que tu vê é apenas a imagem que sou. Esse corpo de lama que tu vê é apenas a imagem é tu".
Salve, Salve, Chico Science! Salve, salve Nação Zumbi! Salve, salve Manguebeat!
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