Hoje o dia de nascimento
De Sebastião de Lídia
Quem viu aquele sorriso
De alegria de vida
Rádio ligado na rede
Um quasar entre Oliveiras
Fruto da Várzea Comprida
Adaécio Lopes
Este blog foi criado para postar textos, poesias e outras produções - ou informações acerca destas - realizadas por Adaécio Lopes, e, por ventura por outras pessoas.
Gostaria de compartilhar com vcs que meu intento deu certo. Meu projeto de TCC, da pós do IFRN, será sobre as poesias dos queridos amigos poetas natalenses Adaécio Lopes e Marcus Victor. O título de meu TCC é:
Eu hoje nem gosto mais tanto de futebol, mas na infância, adolescência e parte da juventude, fui muito ligado àquele esporte. No ano de 1990, por um descuido de mamãe rsrs desci a rua e fui ver Brasil e Argentina na casa de Leôncio de Caiçara, que ficava na mesma rua, vizinho à casa de João de Maneco. Foi o primeiro dia que me recordo de ter visto Maradona brilhar na tv, embora tenha sido o motivo da tristeza de tantos e tantas naquela área, quando ele deu à Cannigia o passe para ele por fim à participação brasileira naquela copa. Maradona sempre foi muito festejado por pessoas próximas a mim, como meu primo Francisco Maia, hoje meu compadre e que sempre foi boleiro, um esforçado lateral esquerdo. Eu gostava de jogar com Maradona em um jogo de botão cinza que eu tinha com o escudo da *Arrentina". Para mim aquele botão era ele, o via até como um imenso gigante, em menor tamanho que os demais. Na copa seguinte, em 1994, em um dia quente, sozinho no quarto como de costume, enquanto a tv estava ligada e eu acompanhava aquele jogo da copa, também estudava e fazia alguns exercícios de matemática, que junto com o futebol eram umas de minhas paixões naquele tempo. Enquanto eu me divertia quebrando a cabeça com as equações algébricas Maradona entortava a Grécia. Lembro que ao ver Maradona comemorar o gol quase a engolir a câmera que o filmava, eu gritei como sempre gritava ao marcar gols com aquela 10 nos botões.
Não foram as chamadas "Jornadas de Junho" - ou como se queira nomear - que conduziram a este estado de coisas no qual nos encontramos. Foi sim, em parte, diga-se de início, a sua cooptação por várias de algumas das forças que estavam presentes naquele movimento, como também outros desdobramentos. A ideia de que foram aquelas movimentações que geraram o atual panorama político deixa encoberto a realidade dos fatos, como também o viés conciliador, por assim dizer, com que se moldam os rumos políticos do país.
Naquele momento em alguma medida se teve a oportunidade de desenvolver um outro cenário político, semelhantemente ao que vem acontecendo no Chile - embora se note que lá o processo se deu de maneira bem mais incisiva. A força propulsora daquele movimento acontecido no Brasil, que nasceu ligado a reivindicações sobre os transportes e direito à cidade - que se vê cada vez mais sitiada, com praças cercadas, com espaços públicos sendo privatizado (como o vale do Anhangabaú, por exemplo), as orlas das praias sendo infestadas de prédios, as florestas sendo destruídas e as reservas virando pistas de corrida etc. - e logo se transformou em um grito por mudanças nas instituições sociais e políticas em nível mais abrangente, guarda muitas semelhanças com as empreendidas por aquele povo.
Mas, diferentemente do que vemos acontecer no Chile, onde por meio de uma Convenção Constitucional é feita "uma reivindicação da soberania popular, que deseja ter mais incidência nos processos e deslocar os partidos do papel hegemônico que tiveram por três décadas, com o resultado de manter o status quo institucional [Mella via Carta Capital em matérias de hoje]”, aquelas movimentações que aconteceram em muitas das principais cidades deste outro país sul-americano não tiveram o êxito esperado [até se conseguiu a votação de uma lei na Câmara Municipal de Natal referente aos transportes, mas pouco tempo depois os mesmos políticos que a votaram "voltaram"] e vemos nos últimos anos a presença na centralidade das decisões do país de forças bastante diferentes daquelas que o impulsionaram.
A verdade é que temos muito pouca formação política e maturidade para movimentações alternativas dessa natureza, embora, vale lembrar, movimentos sociais surgidos no país alcançaram bastante projeção e geraram mudanças efetivas. Mas aqui, em termos gerais, pelo que se vê e a história tem colocado, acaba prevalecendo a noção de que se deve preservar o que se tem em termos político-institucionais ao invés de buscar transformações.
Isso é também parte do que leva a se considerar que foram as movimentações sociais acontecidas em 2014 e 2015 que geraram o que hoje se vivencia. Perceba-se que é um argumento em linhas gerais bastante conservador, no sentido de querer manter as coisas como estão, ou seja, "sem mexer no que está queto", acabando por criticar quem buscara mudanças e alternativas para situações vivenciadas e observadas.
No entanto, devemos estar atentos que há sempre perturbações nas trajetórias.
Adaécio Lopes é professor de física e doutor em educação, escreve, fotografa, faz poemas e artesanias.
Quando o conhecimento era apresentado na forma de diálogos era possível evidenciar o seu caráter transitório com bem mais leveza e eficácia, porque eram várias mentes diferentes contribuindo envoltos com aquela temática. De uns tempos pra cá com os tratados (ou outros nomes que se dão aos textos), tendo-se poucas excessões, isso ficou difícil de se alcançar, já que é dito que o sujeito é unidade. Nesse sentido, ao se lê Galileu, Bruno e muitos outros pensadores de destacadas épocas da travessia humana, se pode perceber como eles estão chamando a atenção em seus diálogos para a seguinte problemática: o conhecimento por vezes pode piorar mais a situação do que melhorar. Essa sutileza na apresentação do conhecimento os tratados não comportam tanto, porque no coletivo o riso é mais possível, afinal ri sozinho não é lá algo muito bem visto nos dias de hoje, não é mesmo rs?
"Como assim ?", dirá o leitor. "O conhecimento é sempre libertador! Você está sendo contra o conhecimento?" O conhecimento construído por meio de argumento e encadeamento de sentenças (veja bem os termos) é libertador quando ele busca a libertação, mas por vezes a argumentação ou o procedimento lógico do discurso pode não visar isso e, portanto, criar mais obscurecimento e estreitamento do que esclarecer. Isso porque, o conhecimento exposto com base em argumentos depende de para que sentido se está sinalizando com aqueles argumentos. Estar atento a isso é muito mais importante do que o conhecimento que se está visando com aquilo.
Por exemplo, se eu foco minha argumentação no fogo ou na ação de evitar que o fogo aconteça, qualquer coisa que venha a evitar a criação de chamas parece ser algo benéfico e salutar dentro desse contexto argumentativo. Mas, isso é um estreitamento, é algo muito restrito, enganoso. Um contexto mais amplo será perguntar porquê se deve evitar o fogo. Se deve evitar o fogo na floresta porque ao fazer isso se possibilita a existência da biodiversidade. Assim, evitar o fogo não é o ponto importante, mas o desenvolvimento da biodiversidade é que o é. Porque se eu evito o fogo, mas com isso impossibilito o desenvolvimento da biodiversidade não há ganho nesse sentido. É algo como pavimentar a amazônia para evitar o fogo, que ganho teria isso no que se refere à riqueza daquele ecossistema?
Tampouco há libertação quando se direciona o pensar humano com vistas ao desenvolvimento produtivo de bens de consumo materiais, por exemplo. Não há como aplacar os desejos humanos por bens materiais e por produção. Sempre existirá mais produção e busca por mais produção. Somos muito parecidos com os sapos - se algo se mexe o sapo "glupf" - apesar de também sermos muito diferentes deles. Se algo chama a nossa atenção lá vamos nós, a menos que contemplemos a situação e percebamos aquele condicionamento. Mesmo dividindo essa produção - e o interessante é que isso aconteça - sempre existirá uma insatisfação. Nem os Rolling Stones resolverão isso (rs). Como diria um pensador antigo, para que construir prédios e edificações outras com vistas à contemplação se eu já tenho os jardins?
Assim, é sempre bom lembrar, que, quando Newton propôs suas ideias, por exemplo - hoje os estudiosos mostram que muita coisa não foi ele que pensou primeiro, sendo que a lei da inércia, por exemplo, já havia sido proposta do Descartes, mas isso é outra temática -, sua intenção não era saber quanto de força se tinha que aplicar para levantar um balde de argamassa até o topo de um prédio em construção, problema recorrente nos livros didáticos da atualidade, como também muito semelhante àqueles que constam em exames como o ENEM. Se o ensino atual não tem interesse que se estudem os originais dos pensadores é porque os interesses do nosso tempo estão voltados mais para construir prédios do que para cultivar qualidades mais libertárias e sublimes que dizem mais respeito à contemplação do que à distração, ao mercado e à aparência.
O cientificismo não deve necessariamente ser critério para se avaliar as produções humanas, até porque muitas vezes tal postura - veja, há muitos tipos diferentes de ciência, para começo de conversa, mas, como ela é entendida hoje diz respeito a pressupostos que são recentes na história humana e têm uma forma característica de ver as coisas (logo, também é algo construído e não absoluto) - tem ajudando a destruir diversas formas de vida que não são inscritas pelo seu ideário. Quem chamou de maneira contundente a atenção para isso foi Paul Feyerabend. Heidegger e Sartre anteriormente já sinalizavam de maneira mais ampla para algo nesse sentido - digo isso para dar o crédito não para angariar poder, como muitas vezes é feito, por exemplo, quando se diz que algo é científico, como se ser científico fosse obrigatoriamente sinônimo de benesse ou melhoria. "Quando eu digo que uma coisa é eu não estou dizendo o que é significa". Assim, "é preciso estar atento e forte", como foi dito na canção. O cientificismo é problemático. No entanto, algo com o qual se deve estar preocupado e que é muito mais problemático, absurdamente mais danoso, melhor dizendo, é o fato de achismos e concepções que nada têm de científicas se apoderarem desse discurso supremacista que a ciência ajudou a fomentar para afirmar suas teses estapafúrdias. Alguém que lê isso agora pode achar que eu estou sendo inverídico no que estou dizendo, no que concerne à ciência. Pois bem, vamos a exemplos históricos. Personagens como Francis Bacon e muitos outros estudiosos do período moderno achavam (a palavra é essa mesmo, já que não tinham nenhuma maneira de comprovar o que estavam dizendo) que a ciência tinha de fato descortinado a realidade e agora apenas teriam que ser aplicados aqueles procedimentos e tudo seria finalmente conhecido. Isso levou o Conde Rumford, com seus estudos sobre o calor, a dizer logo depois que a física, por exemplo, enfrentava apenas um ou dois probleminhas, mas, logo tudo estaria resolvido. A entropia mostrou justamente um novo mundo de imponderabilidade e dúvida, algo bem diferente do que fora sentenciado por Rumford. Mais recentemente a "teoria de tudo" é um desses capítulos da história da tentativa de "cérebro" na sua busca por dominar o mundo - sendo, diga-se de passagem, a teoria quântica aquela que mostra que a "casca de nós" insiste em manter-se como algo em aberto. Assim, perceba que há uma aura supremacista na ciência moderna desde sua eclosão. E que ficar defendendo a ciência ou sua faceta propagandística, o cientificismo, não ataca esse ponto, mas, em alguma medida até reforça essa noção distorcida e temperada de uma suposta hegemonia e autoritarismo que vemos atualmente, que repito, pouco tem de científico, a não ser algo da parte mais nebulosa da ciência, ou seja, das pessoas.
As lavadeiras cantando
No S do Cacimbão
Enquanto plantas e insetos
Dançavam em comunhão.
Não sei se existe água
Qual é agora a canção
Que ecoa pelo baixio
Do S do Cacimbão.
A fonte desativaram?
Público não há mais não
Já não se escutam as loas
Do S do Cacimbão.
A água foi encanada
E no S do Cacimbão
Há tempos já não se vai
Lavar pois roupa mais não.
Naquela lavagem toda
Havia cooperação
Puxava, lavava, estendiam
No S do Cacimbão.
Adaécio Lopes
https://drive.google.com/file/d/1ZagWeBCbUjHjBQYcuPiXcI1P1wWu8eDt/view?fbclid=IwAR0u30FKnNtd8FX-KTQCvusAnwGNElvvygz7rWj8BPhX_OS4rvMIGxVAdJI
É preciso perceber o firmamento
Vazio e espaço por outra dimensão
Por evidência sem tanta invenção
Que consiga estancar o sofrimento
Em verdade não apenas como alento
Que se entenda em qualquer dialeto
E assim o bem viver fique completo
Sem raiva, apego, intriga ou temor
Sim, de inveja, orgulho e desamor
Veja que este mundo está repleto.
Confiar já algo bem complicado
Todo mundo só pensa em vantagem
Num contexto com tanta sacanagem
Não dá fruto flor, galho é podado
A serra elétrica, o facão e o machado
Cortam a beleza orgânica do teto
Leis que o protegem a receber veto
É interessante ação não só humor
Sim, de inveja, orgulho e desamor
Veja que este mundo está repleto.
O que é simples é sempre complexo
Mas nem tão difícil de conseguir
Pra mudar é salutar mais discernir
Do que buscar algo para anexo
O que se julga por vezes não tem nexo
O ódio não substitui pois o afeto
As vezes a curva parece algo reto
E a inverdade vem por falta de primor
Sim, de inveja, orgulho e desamor
Veja que este mundo está repleto.
Adaecio Lopes
Para aquele que ocupa a presidência, o que é droga e o que não é droga está condicionado ao fato de este item está ou não na lista de produção do agronegócio, como deixou claro em uma declaração recente. Pesticidas com alto índice de toxicidade, por exemplo, pode, mas, o cultivo de uma planta para o desenvolvimento de medicamentos (com estudos e eficácia comprovada e relatada por meio de artigos em destacadas revistas científicas de vários lugares do mundo, sendo comum a manifestação de pessoas no mundo todo por meio de vídeos e cartazes pedindo a sua liberação, por ser a única forma de tratar de doenças de filhos, outros parentes ou pessoas queridas) não pode. Substância usada como medicamento sem comprovação e sem estudo pode. Sem contar o avião da FAB.
"Não vou sair jogando fora quem é bolsonarista. O povo não é gado." Com essa frase Lula mostra como ele é uma pessoa inteligente e que demonstra uma empatia que é muito necessária nesses tempos, embora ele tenha defeitos e não seja tão perfeito como talvez gostaria-se que fosse. Juntamente a essa fala dele se pode parafrasear Criolo e dizer que as pessoas que continuam a defender aquele que está presidente não são necessariamente más pessoas. A gente tem uma oportunidade rara no Brasil de avançar enquanto nação, se conseguirmos nos enxergar e mudar nossa forma de ser. Porque veja, embora essas pessoas possam ser diferentes da gente - e as vezes muito diferentes, diga-se de passagem - nas posições e nas ações, elas são parte nossa também, lembrando que para muitas tradições e estudos científicos atuais, inclusive, o outro não existe enquanto algo separado. Tudo se retroalimenta, tudo se reconecta. Assim, enquanto não buscarmos nos curar como um todo não teremos uma nação minimamente coesa e que possa pensar em um projeto comum, será sempre esse esfacelamento destrutivo. Em todos os humanos o impulso da ação é a busca por felicidade e vida. Mesmo aqueles que agem de forma inversa o estão fazendo tendo como referencial, mote ou tema gerador a felicidade, que, ou já não acreditam mais que podem alcançar e resolvem pela pior ação ou estão buscando atingi-la daquela maneira. Não é com xingamento e mais desentendimento e desgaste que chegaremos a um melhor momento do que esse no qual estamos.
O dilema das redes: Tia Alvani viu o vídeo em que recito "Animais nas notas de dinheiro / A refletir a pouca humanidade" por meio de sua rede social e comentou com seu querido irmão (os dois são quase gêmeos, por vários nuances, pelo amor e o cuidado que têm um pelo outro, pela afinidade e pelas pirraças rs) que se emocionou e gostou muito. Que viagem... Dos terreiros em frente à estrada de terra para as veredas das teias de fios do ciberespaço...
Te amo "Tinini" <3